Olá pessoal!
Retornando cheia de saudades. Uma boa segunda-feira para todos nós.
Hoje estarei escrevendo um pouco mais sobre minha história familiar e vocês vão saber como nós nos assustamos à época, quando lerem este relato: as sequelas permanentes do meu marido.
Devido à gravidade do acidente, ele se resumiu em ficar numa cama. Por conta da sequela cerebral, tornou-se violento tanto fisicamente e verbalmente. Com o seu novo quadro ele perdeu o discernimento entre o certo e o errado.
Das sequelas adquiridas, uma extremamente desgastante é o fato dele falar o tempo todo, sem limites. Explico melhor: por exemplo se ele pedir algo, ele vai repetir o mesmo pedido 10, 20, 100 vezes até que seja atendido, independente do contexto. A hora para ele não existe. Então nós , eu e meus filhos, tivemos que nos adaptar para aprender a ouvir, dormir, acordar, estudar, trabalhar com este falatório permanente.
A agressividade física e verbal do início reduziu, porém ainda existe "adormecida", graças à descoberta do médico após um longo período de quatro anos de idas e vindas para o hospital para receber dosagens que reduzissem sua agitação e violência. A "descoberta" receitada foi um medicamento que ele toma até hoje com dosagem de 100 mg por dia. O medicamento faz ele ficar mais calmo, mas ainda assim o seu hábito em pedir as coisas em demasia ainda permanece o mesmo. Meu marido tornou-se uma criança pirracenta que necessita de limites constantes, pois se depender de seus desejos, só quer mandar em todos mesmo acamado.
Apesar desses percalços, tive de ser forte e firme, pois, quando à época do acidente, no hospital haviam mais pessoas para ficaram com ele durante as crises, porém quando ele recebeu alta para voltar ao lar não tivemos esse apoio, principalmente o familiar como ajuda. Daí então, tive que assumir todas as tarefas da nossa família: cuidar do marido, dos filhos, administrar as contas e a reforma da casa que havíamos iniciado à época do acidente. Para dar conta das mudança radical em nossas vidas, afastei-me do trabalho por um ano e meio, sem remuneração para não perder o emprego de concursada. Após esse afastamento, retomei meu emprego e devido às exigências profissionais ainda cursei faculdade. Nesse período enviava meus filhos para a escola e dizia para que não atrapalhassem os professores e que não podiam ser reprovados, pois todos temos problemas em nossas vidas e que isso não seria justificativa.
Doía ver meus filhos dormindo à noite em
suas camas após ajudarem a cuidar do pai o dia todo e serem corretos em
qualquer lugar que fossem, pois eu sempre cobrava a boa postura deles. Eu não
podia esquecer que eram três crianças. Nestes momentos eu chorava
pedindo ao Pai que não me deixasse adoecer, estressar e nem desanimar e
que Ele me desse força para estar ao lado deles.
Nesses anos iniciais após o acidente, foi difícil tanto quanto mãe e esposa, arcar com tamanhas responsabilidades. Por conta disso, tive de impor ordens às nossas rotinas de vida, pois se você está no comando de tudo e não tem com quem contar, tive de recorrer à minha fé e contei com a ajuda de Deus - este sim presente em todos os momentos. Graças a Ele lá se vão 20 anos, que serão completados agora dia 24 de dezembro de 2015.
Com esses depoimentos desejo que sirvam de ajuda para as pessoas acreditarem mais em si e em uma força maior que nos apoia sempre. Basta acreditar, pois agora, quase 20 anos depois, consigo falar dessa situação com mais facilidade.
Por hoje deixo mais estas linhas.
E a linha continua solta para que interajam comigo.
Até mais!
Ass.: Dona Rita
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